CONFISSÕES DE UM TIMORATO
Quando criança tive medo
de bruxas e assombrações,
mas eu tinha um gato amigo
que afastava o perigo
vindo das escuridões.
Depois, um pouco crescido
eu me sentia mais forte,
mas morreu meu amigo gato
e nesta hora, de fato
eu tive medo da morte.
Tive medo de altura,
tive medo multicor,
e no flechar do cupido
ao não ser correspondido
eu tive medo do amor.
E quando a vida andou brava
e tristezas vieram, enfim,
eu travei meu coração
e nesta hora então
eu tive medo de mim.
Lembrei que tudo na vida
tem seu “medar” verbejando
e em momento derradeiro
o medo é o único parceiro
que está nos acompanhando.
Foi então que percebi
que o medo é um propulsor,
é o que nos faz ser prudente
cuidadoso, consequente
dando a vida mais valor.
Hoje, contando meus passos
já andei por muita estrada,
desvendei muito segredo
mas eu ainda tenho medo
de não ter medo de nada.