A ÁRVORE
Restos de folhas cobrindo o seio da terra,
o duro golpe na madeira desferido,
por toda a floresta o ecoado grito,
a vida secreta em seiva,
que se encerra...
Em tudo o que piso há a lembrança
de que um dia esta árvore foi criança,
como eu, que jogava pedras no lago,
que essas lembranças ainda trago,
a inocência ceifada no machado,
a adolescência em jogo deflorado,
o maduro da forma, perdido,
revogado...
Ainda escuto o grito repentino do tronco,
o arrepio percorrendo seus verdes frutos,
o som da morte, o grito, o fim, o escuro...
Ainda vejo a clareira onde se serpenteava,
rumo ao céu, ondulante, seus imensos braços,
o sussurro macio do grafite a tecer seus traços...