MOSAICO DE MIL CORES
Anda, ponha a mão aqui em meu peito,
sinta, perceba se há algum defeito,
se meu coração é grande demais
ou se pequeno para o que faz,
amar sem escolher o amor,
viver de sonhar sem saber se a dor
de abraçar o mundo, que é imenso,
é muito para o pouco do que é capaz...
Anda, ponha os olhos nestes humildes versos,
sinta, perceba se estou à tona na vida ou imerso
em profundos labirintos, se é verdade ou se minto
quando escrevo o que me passa pelas artérias e mente,
se estou presente ou ando vagando ao Sul do meu Oriente...
Anda, recolha os destroços das minhas guerras interiores,
se sobrar uma só flor já terá sido pedaço do mosaico de mil cores,
se por acaso encontrar um verso desmaiado ao lado da escrivaninha
colha-o como se fosse um suspiro derradeiro da alma minha,
terei então me juntado ao invisível que a tudo recobre,
vivido terei, plebeu, de poesia puída e alma nobre...