VITRINE
Não posso dizer que estou feliz
e nem que estou infeliz;
comprei um mapa do destino e ele me disse:
foi você quem quis...
Saí para o mundo como produto posto à venda,
decidi escrever poesias sem franjas ou rendas
e vendi todas à preço de banana;
não sei se sou eu que estou louco
ou a mente popular é que é insana...
O que vale a vida de um escrevente
senão o belo sorriso sobre os dentes
e no bolso esquerdo a caneta reluzente
para ser sacada quando o medo
por suas mãos sobre a felicidade
e não houver mais motivos
para ser só um covarde?
Estar na vitrine e ser visto como um belo manequim
ou ser só um rosto entre tantos na multidão
mesmo que bata descompassadamente
seu único e sincero coração?
Não posso dizer que não valeu a pena
ter pena e sentir amor
mesmo que seja só um poema
repleto de espinhos ao redor da flor...