FOGO E LAMA

Em meu sangue corre o sangue de estrelas perdidas,

que foram, em vida,

diletas representantes do universo...

Este, vivo, pleno, imerso

na configuração do Mapa do Pai,

enquanto outros similares

eram esboçados

nos lares

de nautas esperançosos de vida em outros semelhantes

lugares...

Todo poeta que se preza presta atenção à estação da lua

que, desesperançada, paira e se deita sobre a rua

escrita pela mão do compositor de caminhos,

este, o fabricador de labirintos,

vielas entre sóis alevinos...

Todo poeta que cospe fogo e pisa em lama

sabe que viver é uma chama

que só se apaga

quando o último verso

viver sua saga...

Todo poeta merece viver e morrer

como a palavra que no poema acaba de nascer,

deitar sua loucura e juízo à borda do precipício

e rolar até encontrar a porta do saber

e se entregar sem nada querer saber...