"VOLTE PARA CASA..."
Somos tão frágeis e brigamos tanto...
Do meu quarto escuto tua poesia e teu pranto
se derramarem sobre o silêncio de quem finge que dorme,
ouço tua canção saindo do peito e se espalhando sobre as folhas
das árvores que esperam a chuva chegar, de mansinho,
teus pés caminham de manso em busca de um café quente,
tua respiração quente e abafada, a tristeza te espiando,
o amor te dizendo..."volte para casa..."
Somos tão belos e nos pintamos de feios...
Cada poeta num lugar do mundo tinge o ventre do papel
espalhando restos de juízo e emoções irrefreáveis,
no imenso salão escuro espera ver olhos brilharem,
a voz que sairá do casulo a copular com o silêncio,
de cada um deles palavras caem como pétalas,
singulares sonhos se deitam aos pés dos corações,
nasce um poema e nele sua mãe, a poesia,
da poesia o homem e a mulher,
do homem o verbo secreto da aceitação,
da mulher fragmentos poéticos de bençãos,
e eu, poeta escondido no sótão do sentimento,
ouço a voz do amor me dizendo..."volte para casa..."