DE CÓCORAS

Que fosse o amor o que descasca,

limpa e lava, veste e tece o manto

resplandecente que brilha no escuro,

a resgatar a princesa no alto da solidão,

te fazer saltar por sobre os muros,

a salvar seu precioso coração...

Que fosse a poesia,

que dorme de cócoras,

o dia que ainda não veio,

que faz mais belo o feio

que anda entre nós,

o canto da cotovia,

muda, sem voz,

o amor, tê-lo...

Que espia o cisco que voa,

o malabarismo do vento,

a conversa entre horas,

de cócoras, tão perto

ver o que cria o caos,

a poesia, tão linda,

entre nós...