O SILÊNCIO DAS PALAVRAS

Nenhuma palavra quis sair de casa,

nenhuma delas se vestiu,

nenhuma quis abrir as asas,

o silêncio, rindo, a tudo cobriu...

Hoje estamos caminhando como os silentes,

os que perderam as pernas e se agarram à esperança,

os que vagam por países distantes e subservientes:

a raça, a razão, o medo, a luz, o desejo, a criança...

A única forma de se ouvir o rio que canta

e cantar como a água e rir suas pedras,

com arpejos de mão que a tudo espanta

criar o tempo que rega suas heras...

Nenhuma palavra disse - selva,

nenhuma disse - o amor traduz,

nenhuma quis dizer - espera...

nenhuma ao pátio o amor conduz...