SEM CULPA
Entre nós nunca haverá distância;
estreitamos nossos laços de tal forma apertados
que hoje somos como cumplicidade e ânsia
de viver todas as propriedades da vida, sem pecado...
O por-do-sol, que abre as cortinas do horizonte,
é o mesmo para nós dois, que vemos tudo sob o mesmo
ponto de vista, e de lá, onde mais perto chega o longe,
assumimos colher o que plantamos, querendo ou à esmo...
O garfo que penetra na carne busca a saciedade e o prazer,
a colher que colhe o caldo do pudim mais doce e saboroso
recebe as dádivas dos tempos onde Adão e Eva riam a valer
das premissas e promessas do serpentear dadivoso...
O mundo, íris do universo de um perscrutador curioso e sagaz,
a nós serve como morada e catapulta a invisíveis propósitos,
vagantes que somos pela estrada redonda e que nos traz
o ideário de mesmo destino, quase que como se fôssemos sócios...
Não há culpa, nem promissórias a pagar ao Demo, nada
nós devemos a quem quer que seja, nem um cobre ou ouro vão,
apenas temos que seguir levando em nossa língua a palavra
que habita as profundidades coronárias do nosso coração...