Autorretrato
Alegria descompassada nas esquinas,
meninas ensanguentadas nas esquinas,
sirenes e ecos de quem não conhece o silêncio.
Silèncio, senhores!
Moedas e medos no paletó de quem aparece,
legado de sangue nas mãos de quem apetece,
falanges de ébrios e tantas causas comuns,
esquinas de fé e grilhões.
De joelhos, senhores!
Porões.
Esquinas.
Aleluia!
A gente manca,
a gente reza,
a gente peca e faz de conta,
a gente samba,
a gente geme sem emprego e sem amor.
A gente é em cada esquina...
Mas afinal, quem somos nós?
Autorretrato.