TREZE ANOS

Tens treze anos,

tudo é perigoso em ti:

o calor da tua pele;

o rosto que oscila entre o lívido e o cru;

o sexo que se apresenta

como zona de futuras asperezas,

enquanto pelos crescem

e tornam-se rastilhos da pólvora

que arrebentarão as tuas formas para a idade adulta.

******************fogo*******************dor.

Se um bom conselho fosse permitido,

não queiras conhecer a puberdade que carregas.

(a arrebentação compreendida talvez ative o

perigo).

Saiba, porém, que uma parte de ti levará ao

cinismo,

outra à morte cerebral,

que adolescer é torrar neurônios

enquanto sangrias definem o teu ser

como as queimadas definem a fertilidade da terra.

**************fogo*********************corpo.

Tens treze anos,

nem reparas, algo indica intensa fundição,

o metabolismo vem compor outros músculos,

(inventaram ontem o calo do prazer sexual).

Sentes o arrepio.

Aproxima-te.

É o abrasamento,

o limite da chegada do teu ser completo.

Não! Nem tão acabado.

Permaneces no reino da ambiguidade,

ainda alternas a brasa

às fervuras mínimas

de erupções cutâneas.

DO LIVRO:"BORBOLETAS NOTURNAS NÃO EXISTEM"

Paulo Fontenelle de Araujo
Enviado por Paulo Fontenelle de Araujo em 14/09/2016
Reeditado em 29/11/2016
Código do texto: T5760247
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