TREZE ANOS
Tens treze anos,
tudo é perigoso em ti:
o calor da tua pele;
o rosto que oscila entre o lívido e o cru;
o sexo que se apresenta
como zona de futuras asperezas,
enquanto pelos crescem
e tornam-se rastilhos da pólvora
que arrebentarão as tuas formas para a idade adulta.
******************fogo*******************dor.
Se um bom conselho fosse permitido,
não queiras conhecer a puberdade que carregas.
(a arrebentação compreendida talvez ative o
perigo).
Saiba, porém, que uma parte de ti levará ao
cinismo,
outra à morte cerebral,
que adolescer é torrar neurônios
enquanto sangrias definem o teu ser
como as queimadas definem a fertilidade da terra.
**************fogo*********************corpo.
Tens treze anos,
nem reparas, algo indica intensa fundição,
o metabolismo vem compor outros músculos,
(inventaram ontem o calo do prazer sexual).
Sentes o arrepio.
Aproxima-te.
É o abrasamento,
o limite da chegada do teu ser completo.
Não! Nem tão acabado.
Permaneces no reino da ambiguidade,
ainda alternas a brasa
às fervuras mínimas
de erupções cutâneas.
DO LIVRO:"BORBOLETAS NOTURNAS NÃO EXISTEM"