AQUELA PAISAGEM
Há sempre um momento onde a verdade grita,
E a bela paisagem de sempre
Não se mostra mais tão bonita.
Fica, nos olhos, uma dúvida,
Fica, nos lábios cerrados de surpresa,
Uma palavra recolhida e santa,
Uma espécie de mantra
Que alguém nunca cantou.
Dói tanto, rezar pelo que se perdeu,
Mais ainda, descobrir
Que nunca foi verdade, nunca foi seu!
E o trem passa depressa, borrando a paisagem,
As horas se espalham naquele parapeito,
Chorando lá fora, contra o vidro fechado,
Perdidas nas dobras desse estranho leito...