insANA

Trocamos de pele

conforme a ocasião.

Trocamos velhos prazeres

por novos,

os velhos amantes por outros.

O movimento do tempo

revela o que fomos

e o que nos tornaremos.

Não dá pra fugir do que se é.

Seres invisíveis percorrem a nossa espinha,

famintos!

Seres que não controlamos... nos despedaçam.

E a cada nova pele,

a sede é maior.

O verde é sempre tão maduro

na língua que já provou tanto,

e o tanto nunca foi o suficiente.

Quando a fome insana,

doentia,

é a natureza mais íntima da criatura,

a subsistência torna-se um suplício.

Suplicam os nossos lábios

pelo gosto, pelo vício, pela pele.

Nada satisfaz a uma alma passional,

senão ceder a inconsequência de sua própria essência.

Exceder os limites dessa linha tênue;

entre o animal e o espírito.

A tempestade e a calma.

Mas,

de todos os perigos,

o maior é deixar-se tornar obsoleto.

Que animal terei de mim até o final desta noite?