APARÊNCIAS

Dizem que a roupa identifica o monge.

Não sei… Há indecentes bem vestidos

E a ótica que muito se engana de longe

Ignora indivíduos meio constrangidos

Que de perto são lavrados de mendigos,

Porém são criaturas que têm bom senso

Diante de um social que inverte intenso

Os valores e se põe em constante perigo.

Já não há quem adote extrema confiança

Nas personalidades que circulam nas ruas,

A vida é uma história de muita esperança,

Hipocrisia é uma farsa que não anda nua,

Logo é preciso o cuidado que não se cultua

E o que o alerta não meça raios e distância

Perante o incerto que ronda pelas esquinas

Das gengivas que mordem a isca das ogivas.

O vestir bem articula o que se parece polido

Entretanto que a razão se pontifique de zelo,

Pois nem sempre o mau vestido é o bandido

E não merece ser chacota e viver o desprezo

Que aparências imputam como menosprezo

Às pessoas de um caráter idôneo assumido

E levadas ao cadafalso da injúria e discórdia

Quando na verdade é quem traz misericórdia.

A excelsa virtude consiste em ser ressabiado,

Não se dê vanglória a rituais de pura fantasia,

Colarinhos brancos são seres muito enfeitados,

São os piores vermes que afrontam o dia a dia!

DE Ivan de Oliveira Melo

Composição poética inspirada na BALADA.

A BALADA surgiu na Idade Média como canto,

mas logo se tornou forma de composição recitada.

Foi a partir do século XIV que ganhou os moldes

que se assemelham às BALADAS atuais, sempre

estruturadas em três oitavas e um quarteto. De

tema normalmente romântico, dei a esta um con-

teúdo social intérprete da modernidade.

Ivan Melo
Enviado por Ivan Melo em 05/09/2016
Código do texto: T5750610
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