DIÁRIO DOS VENTOS
Enquanto caminhava alegre entre as cores de um jardim,
Perfumado pelas rosas, nos espinhos me feri,
É que os ventos sopram sem avisar,
E as roseiras não se privam em dançar a dança do vento e do ar.
Veja os dias azuis, onde o sol nasce aquecendo a terra,
E se põe compondo uma aquarela de cores no céu,
A brisa ao tocar a pele parece carinhos de veludos,
Não parece existir nada mais perfeito.
Mas nem todos os dias são calmaria,
Quantas tempestades de verão já presenciou,
Raios que cortavam o céu, vendavais que varriam ruas,
Ciclones que afastam aparência serena das ondas do mar.
Assim somos nós quando sorrimos e abraçamos,
Aquecemos com afeto quem participa do ato,
Pois não somos projetos de solidão,
De mãos dadas podemos voar mais alto.
Mas o coração, diário dos ventos,
Alguns dias amanhece cinza, cheio de vendavais,
Tempestade em si mesmo, chuva de lágrimas na janela da alma,
Esvaziando o ser de si mesmo, até o ponto zero da paz.
Assim como os dias perfeitos tem seus temporais,
Nossos conflitos e medos são dias maus que nos fazem superar,
Não há quem seja a todo momento perfeição,
Nem tão para lá, tampouco para cá, devemos ponderar.
A vida só vale a pena, porque desejamos os dias bons, graças aos temporais,
Nessa compensação é que a cada dia regamos a esperança,
Uns sabem escrever, outros interpretar, dias de certeza e outros de dúvidas,
Mas juntos é que rompemos as inseguranças de dias escuros, fazendo o sol ascender no céu dos sonhos.