DIÁRIO DOS VENTOS

Enquanto caminhava alegre entre as cores de um jardim,

Perfumado pelas rosas, nos espinhos me feri,

É que os ventos sopram sem avisar,

E as roseiras não se privam em dançar a dança do vento e do ar.

Veja os dias azuis, onde o sol nasce aquecendo a terra,

E se põe compondo uma aquarela de cores no céu,

A brisa ao tocar a pele parece carinhos de veludos,

Não parece existir nada mais perfeito.

Mas nem todos os dias são calmaria,

Quantas tempestades de verão já presenciou,

Raios que cortavam o céu, vendavais que varriam ruas,

Ciclones que afastam aparência serena das ondas do mar.

Assim somos nós quando sorrimos e abraçamos,

Aquecemos com afeto quem participa do ato,

Pois não somos projetos de solidão,

De mãos dadas podemos voar mais alto.

Mas o coração, diário dos ventos,

Alguns dias amanhece cinza, cheio de vendavais,

Tempestade em si mesmo, chuva de lágrimas na janela da alma,

Esvaziando o ser de si mesmo, até o ponto zero da paz.

Assim como os dias perfeitos tem seus temporais,

Nossos conflitos e medos são dias maus que nos fazem superar,

Não há quem seja a todo momento perfeição,

Nem tão para lá, tampouco para cá, devemos ponderar.

A vida só vale a pena, porque desejamos os dias bons, graças aos temporais,

Nessa compensação é que a cada dia regamos a esperança,

Uns sabem escrever, outros interpretar, dias de certeza e outros de dúvidas,

Mas juntos é que rompemos as inseguranças de dias escuros, fazendo o sol ascender no céu dos sonhos.

Leonardo Guimarães Rosa
Enviado por Leonardo Guimarães Rosa em 01/09/2016
Código do texto: T5747487
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