Catasonhos - faxina interna

Toda aquela bagunça agora se ajeita aos poucos,

Hoje arrumo a gaveta, meia por meia, ilusão e medo.

Tudo bem organizado, bem claro, por cores e credo.

Aos poucos vou organizando e tirando o pó de mim.

A poeira acumulada aqui dentro. Vou fechando portas,

De casas já abandonadas, janelas com ferrugem emperradas.

Vou deixando pra trás, lá, no passado. Vou reformando o eu.

Eu lixo com cuidado minha mágoa, minhas incertezas veladas.

E o lugar vai ficando limpo. Puro, claro e confortável.

Vou ficando mais leve, mais alegre, mais confiante.

Porque essa sempre foi a estrutura. Só andava bagunçada.

Hoje o móvel é o mesmo, mas agora cristalizado, elegante.

E ainda há gavetas a se abrir. A se vasculhar. Tudo a seu tempo.

Porque é preciso a pausa para o café. Para o sorriso. A voz tênue.

É preciso ir com calma, retirando o que já não é mais necessário,

Doando o que não me é mais útil. E reciclando o que não valorizei.

24/08/2016

Camila Cabral
Enviado por Camila Cabral em 24/08/2016
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