Chegou

Quão belo são os sonhos

Mas superam em bem os males da ilusão?

Por que travaria disputas, e deixaria verter em desperdício minhas letras litúrgicas?

Por que deixaria que me convencessem ao ódio por quem se alvitra em minhas alturas?

Se a ilusão sôfrega de um estado mesquinho de revolta e solidão

Me fez inverter os fatos

o céu virou um pátio e as nuvens é feita de chão!

Por que montaria essa cavalgadura candida e xucra?

Selvageria por selvageria, ja me basta a do mundo e a minha!

Mas, idiota, ainda tentei e não vi que uma borboleta, de tanto que escondi, quase a matei...

Vestiu-se a ilusão de asas postiças, de áurea surrupiada

um ouriço em fantasia de fada!

E agora, no silêncio da noite,

me cobra uma alma marcada...

Que não me compete e não mais me anima a empatia para salvar ou educar...

Essa tarefa não é minha!

Aceite, confusa alma, que na escolha de sua estrada está sozinha!

Não tomarei crédito nesse desmantelo de sua sua vida, que parece eterno...

Mas "mea culpa" se incentivei teu declínio com minha descuidada conduta!

Liberte-se, pois já não sou a atração dessa prisão, que como um zoológico expões nossas almas, serenas em quimeras

e nas ambições mostram-se temíveis feras!

Já não me dou ao prazer de vencer bestas

E já não conto meus passos no caminho

e como passarinho não sou imigrante

não vivo por um instante

quero eternidade nos ciclos de todas as estações...

Já não há em mim paixões

não há o melaço e nem o zinabre...

Eu sou de carne e não mais de aço; não sou mais aquela alma que tudo sabe...

Eu venci todos os reis que habitam em mim...

Eu medito com todos os monges e sacerdotes que dá forma ao meu ser...

Eu arranquei a flecha do cúpido de todos os meus corações feridos

Eu recolhi todos os vidros que deixei, secos, cair...

Minha poesia não mais exala nanquim....

Para o imortal eu ensinei a magica esperança do fim!

Eu deixei o tempo ir e o passado verter...

Descobri o sol em um sorriso

o amor, mesmo na face da dor, no abraço do Cristo!

Eu destruí castelos e conventos

eu briguei mais uma vez com Javé e dobrei a espinha na violência do seu vento

desconstrui minha alma e assim pude ser!

Viver o renovo de mais uma chance de crescer...

Não espere, pois sou aquele veleiro em alto mar que não mais irá voltar...

Nas águas dessa vida vou navegar como fosse sempre o primeiro dia

e como o holandês voador irei apenas atracar quando for para ver o meu amor...

Que finalmente chegou

Uma rosa bela, linda flor!

Thoreserc

Noah Aaron Thoreserc
Enviado por Noah Aaron Thoreserc em 22/08/2016
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