vidas das águas
o alfabeto se reúne nesse mar
de lágrimas, juntar as letras no forno
da boca, nas trincheiras do corpo, fogo,
muito fogo, e sentir as geleiras se rompendo,
poucos vão se equilibrar sobre um mundo
que se quebra, balsamo deslizante no
ventre do desejo, se desfazendo nas brasas
do medo, gesto, olhos desabitados, talvez
ninguém morra ao ler esse poema, mas
cusparadas de palavras se darão quando
a garganta pulsar como pulsa a vida das águas