Palavras proibidas

Pura ingratidão me fez um dito,

cujo sangue era o meu,

cujo amor era o meu.

O mundo cuidará de nós

sob o limbo que agarraram as palavras ditas

que jamais poderiam existir.

Não mais te pedirei a vênia que tanto quis um dia,

porque olhar teus lábios ainda fuzilam meus olhos

que adoram te ver luzir e crescer e viver.

Ó Senhor, dai um céu diferente a cada um de nós,

purgando antes o que não prestar em ambos,

sem nos deixar sermos tristes entre as palavras

que não devem sair de qualquer boca estranha.

Imenso zelo, nem tão pequena a dor,

e entre essas coisas eu vivi te amando.

Meu fôlego te fez.

Diluíste parte desse amor em pedras.

Me amaste?

Aos trinta me mataste com um beijo,

e nossa festa acabou. Resta uma dor lancinante

a dor que mais me maltrata.

Mando-te este recado para te dizer que,

mesmo mal amado, te amo como um fundo poço

que jamais secou de amor, e por isso

espera teu abraço apertado,

porque o que há em ti, quase tudo,

veio de mim, foi meu, é nossa carne.