A B C D e...
Cujos passos trafegam sobre a prancha entre duas avenidas
o olhar desmanchado na poça de mar trazido em garrafas
a blusa feita de escamas reluzentes - peixes desfalecidos
o dente arrastado pela rua amarrado a um cordão de ouro
a prótese no jardim de inverno a passar frio e a tremer
a
e
i
o
u
cujos cantos andavam por dentro de caramujos sorridentes
a voz que subia e descia como ópera descorada e desbotada
o avião derramando sorvete sobre chapéus de feltro nº 58
a angústia deitada no divã e as palavras rolando sobre o tapete
facas cortantes raspando a cabeça do skinhead que sorria beatificado
vã a hora que espera o relógio decorar o tempo na sala de aula
b
c
d
f
g
prosopopeia de cem homens faladores de poemas retirados dos túmulos
ciscos alvoroçados entrando olhares adentro na tempestade de Vênus
mães rindo e gargalhando e amamentando bebês cheios de fuligem
nota de rodapé avisando que o poema esterçou à direita e se foi
páprica cai bem na folha de alface e rodelas de moinho de vento
sombras se abraçam e a noite abre o ventre da música noturna
no fechamento da edição o lobo violenta a ovelha e grafita
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