CÁLICE SAGRADO
Só, como água aprisionada em copo,
avisto o navio que me acena;
balanço em ondas meu corpo,
minhas velas flanam livres e serenas...
O mundo, reunido em um só grão
e a partir e a ficar dentre astros brilhantes,
dele lanço versos partidos e os tenho à mão
e os trago cá dentro em cada vívido instante...
Escura é a tinta que desvirgina a branca folha,
etéreos são os versos que se espalham na imensidão,
sou-me tão velho como vinho a destampar a rolha
que verterá no cálice sagrado o sangue do meu coração...
Mesmo preso a essas instâncias, sonhar e viver,
desalojo meus pés das botas pesadas e vou,
aprendendo a navegar no celeste céu e a correr
em asas o infinito que és-me e que todo ele sou...