MULTIDÃO DE ESPÍRITOS

Ah...quem dera ter esquecido e encontrado, no bolso da algibeira,

aquele poema trabalhado com canivete, esculpido à cinzel,

não escrito por mim, por você, naquele dia em que foi a minha casa

tomar café e jogar conversa janela afora, miudezas em geral,

como queria ter posto os olhos no poema de tua alma,

com serpentes angélicas, maduras e precisas,

ter encontrado um outro sentido para a vida,

ter achado entre os escombros da nossa raça

as pepitas de ouro do teu espírito,

ter colhido, no chão de tua voz,

aquele grito...

Quem dera ter posto os olhos na aurora que espreguiçava,

ter escutado tua voz longínqua a recitar o poema do teu sorriso,

merecedor ou não, saberia onde a multidão de espíritos andava,

teria tocado sua mão, serpente angélica, o amor teria ido comigo...