INSONIA

Na pia da cozinha,

Água esvazia,

Para onde vai?

É outra conversa

Para um outro dia.

Assim faço;

E na forma disfarço,

A falta do ritmo da poesia

que por hora aflora na falta d'outra serventia

Deste meu dia.

No entanto, não cria ou julgue, assim de imediato

Antes de se ater ao fato de que,

Pingo d'água batendo,

Gota a gota no aço escovado.

Tortura feito ausência de amor;

De dia, soa a modo de sorte deixada entre mimos,

Moldura de descanso e arrimos

Na noite, é tristeza que galopa na alma

Tamanha dor me convoca à calma

E me impõe o mantra do tic-tac do relógio

Na convulsão que se arranja, aquieto sonhando:

Se grifo eu tivesse,

Faria escândalo,

Torcendo nó em pingo d’água.

Se poesia houvesse

Eu dormiria cantando

Versos miúdos

mastigando amendoins doces,

desejando sonhos por inteiros

Se poesia houvesse...

Olímpio de Roseh