UM NOVO POETA
Quem sabe traga, um novo poeta,
palavras sem truques, mais que despertas,
desobstruídas, impolutas, corretas,
finas na compostura,
grossas na pele dura,
que durem a eternidade de um poema,
efêmeras como de um pavão as penas...
Que seja este poeta
composto de lucidez e festa,
aberto ao novo como quando
se quebra a casca do ovo,
clara e gema seletas...
Que sejam suas palavras espadas
para a guerra entre a selvageria dos músculos
e a clareza evidente da pacífica água...
Que seja este poeta nefasto ao mal
e benéfico ao bem,
anuncie, num novo signo, novo sinal,
que a nós, mamíferos incorretos,
seja tudo próspero, como disse o amor,
como a todos nós convém...