Passagem.
E o tempo arrasta horas mortas
A cada batida dos ponteiros desacertados
Lá fora, a névoa fria varre a alma da noite finda
E a passos largos corre a escuridão fugindo da luz inevitável.
Os raios áureos rompem o breu,
E os céus já tecem um novo amanhecer,
Onde sonhos e dores germinam.
Mas há sempre um amor que floresce,
Nem que seja na vã ilusão de um coração ingênuo...
O tempo é unilateral e não volta, nem estaciona
Para que suas dores sejam sanadas.
Avança impiedoso, decidido a sarar e ferir em uma tacada só!
Como um rio bravio, leva sedimentos vigorosos.
E corações são rasgados e vozes erguem-se em
Uma interminável verborragia.
E eu aqui estática esperando um dia difícil
Onde o sono espreita-me quando não poderei dormir...
O tempo de sonhar acabou!
A realidade obriga-me a ser forte
No limite da minha fragilidade,
Busco aço nos músculos
Embora eu seja apenas pó!
Elenite Araújo.