Cirandar com o vento
No meio da manhã
surpreendeu-me o vento!
Alegre! Apavorando as folhas,
mexericando meus cabelos,
irriquieto,
afoito para abraçar!
Ah!
Abri meus braços para ele!
Envolveu-me!
Geladinho, familiar;
afoito para segredar...
Conta! Conta, vento!
Conta-me sobre aquele que veio,
e eu não vi!
Sobre aqueles que
choram e riem
do lado de lá!
Conta-me
Sobre estes que eu amo
e não encontro!
Estes que admiro
e não conheço!
Conta-me histórias
de sol, de mar,
de dor e de amor
que intuo em minhas entranhas...
Conta-me destas
gentes distantes
que ignoram medos
e cicatrizes;
dançam e rezam
alegrias e delicadezas
que de lá
ecoam bem aqui,
na minha alma!
Conta-me mais!
Das saudades...
- Vento, vento meu!
Existe em mim, quem
sinta mais saudade
do que os olhos meus?
Conta-me de mim!
De quando me encontras
nestes por aí
voando meus sonhos...
E me leva! Ah! Me leva
cirandar até o pôr-do-sol
neste teu sopro;
neste estremecer,
assim, do nada.
só de puro prazer!