Figura
Das mil coisas planejadas
A execução delas não me é chegada
Talvez seja pela temperança
Ou por elas sou empreitado
Do fósforo, um março
Do muito, organizado
Do tempo, a esperança
Do mundo, desrespeitado.
A rede das multitarefas
A cama dos afazeres
O nada dos pensamentos
O todo das sombras.
As horas passam
O que passam são horas
O sono vem
A sede fica
O dia chega
É tarde, noite
Outro dia, outras coisas
Pouca massa
Grandes pudores
Pequenos sabores.
Vejo o sonho noturno
As realizações ensolaradas
Assisto os pesadelos obscuros
As mil coisas inacabadas
Queimo o verde da flor
Os perigos sem medo
Sou paradoxo.
Um meio termo do meio
Filho pobre sem freios.
Homem nobre com devaneios.