Figura

Das mil coisas planejadas

A execução delas não me é chegada

Talvez seja pela temperança

Ou por elas sou empreitado

Do fósforo, um março

Do muito, organizado

Do tempo, a esperança

Do mundo, desrespeitado.

A rede das multitarefas

A cama dos afazeres

O nada dos pensamentos

O todo das sombras.

As horas passam

O que passam são horas

O sono vem

A sede fica

O dia chega

É tarde, noite

Outro dia, outras coisas

Pouca massa

Grandes pudores

Pequenos sabores.

Vejo o sonho noturno

As realizações ensolaradas

Assisto os pesadelos obscuros

As mil coisas inacabadas

Queimo o verde da flor

Os perigos sem medo

Sou paradoxo.

Um meio termo do meio

Filho pobre sem freios.

Homem nobre com devaneios.

Bruxo Gauche
Enviado por Bruxo Gauche em 08/07/2016
Reeditado em 20/07/2020
Código do texto: T5691558
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