O Velho Pirata

Remem escravos

Gritava o homem demente

pois é qualquer dia

bom dia para navegar

E ao olhar em volta

o velho marinheiro

Mirando firme no horizonte

continuava a berrar

Icem as velas marujos

Não tenham medo

porque a vida e a morte

andam ai por todo lugar

É difícil sabermos

do caminho que nos leva

Esse aprende-se andando

Com os pesados rastros

que seguem marcando as lembranças

Daquilo que foi, ou pensam que foi

ou se ainda serão capazes de retornar

Agora nem sabem se respiram

ou se são fantasmas em alto mar

só o que sabem é que precisam

navegar

Remem escravos

larguem suas mágoas ao vento

Que agora corre a favor

As tempestades aproximam-se

depressa

rezem por suas vidas miseráveis

e se for pela morte

que seja rápida e indolor.

Remem escravos

Saibam seus malditos vermes

que o fim do mundo não existe

Nós é que somos breves.