NA VIDA ASSIM CANSADO...
Tu, que vais na vida assim cansado...
Tu, que das pernas ora fatigado
Que dos pulmões, o ar pesado
Que das lembranças, sem passado...
Tu, que vais na vida assim rastejando...
Tu, que se sonhou sempre voando
Que da pele enruga encarquilhando
Que das vértebras se vê curvando...
Tu, que caminha em vã envelhecimento...
Tu, que traz as chagas do conhecimento
Que da consciência morre ao devir
Que ajoelha e ora ao que está por vir...
Tu te perdera na sombra da vaidade
Tu te encontraste na penumbra da idade
Tu te imaginas com mais idade que a real
Tu vês no espelho o reflexo do vazio moral
Tu não sabes quem é por apenas não ser
Tu cansaste de si próprio e do próprio viver
Tu é o contraste entre contradição e dilema
Tu é asas e gaiolas, liberdade e algema
Tu é o fogo e a cinza, incendiário e morte
Tu é o jogo e o acerto, incerteza e sorte
Tu é espaço e estrada, vazio e nada
Tu é caminho e caminhada,
Entre a cruz e a encruzilhada.