INSENSATEZ
Há multimídia no ar.
Estrondo para os tímpanos.
Tão alto que nada se entende,
Parecem ondas sem sentidos.
Há um remelexo estranho
Tentando seduzir o silêncio
Apesar de ser alta madrugada.
Nas palavras, acordes sem nexo.
Vez em quando um ziguezague
Se apresenta no vaivém do som.
Zoada inaudita imita melodias
Brancas e sem compasso.
Contraponto estéril. Tom aguado
De um ritmo dissoluto estático.
Não há imagens, só a sonoplastia
Incauta remoendo as paciências.
Barulho que a vigília reclama
E o descanso some envergonhado.
O sono vagueia sobre as ilusões
Dissipando sonhos inexistentes.
Clamor se escuta nos sussurros
Dos indivíduos atropelados
Pela inescrupulosidade dos loucos
Que invadem o deserto alheio.
A noite deixou de ser criança.
O amanhecer é o anfitrição das horas
Em que os massacrados se levantam
Para os compromissos do novo dia.
Subitamente a eclosão dos ruídos cessa.
Os galos ciscam e cantam nos terreiros.
O banho matinal não descarrega a fadiga.
O tempo voa e outra noite já se aproxima...
DE Ivan de Oliveira Melo