Procurei tanto a palavra certa...
Busquei nos confins da alma,
Na dor sagrada do coração...
Busquei no brilho da lágrima,
Nas duras perdas da ilusão...
Busquei na experiência da vida,
No difícil conceder do perdão...
Busquei na ânsia do acerto,
E na força louca da paixão...
Busquei na esquina do tempo,
No frescor do amanhecer...
Busquei na minha ignorância,
E na sagrada luz do saber...
Busquei na opacidade da bruma,
No esticar do braço doador...
Busquei na lembrança do velho,
E na esperança do sofredor...
Busquei na leveza do pássaro,
No sorriso moleque do verão...
Busquei na alegria do vento,
Na cor diversa da procissão...
Busquei na mansidão do vencido,
Nos escondidos segredos da sorte...
Busquei nos caminhos sem volta,
Na verdade crua da morte...
Busquei na ignorância do sábio,
Na inocente paz da criança...
Busquei no torpor mudo do olhar,
Na saudade do que só é lembrança...
Busquei, busquei, busquei...
Mas nem assim encontrei...
Descobri, que o grito mais alto,
É o do silêncio de quem se tolhe...
Que a palavra resiste, encarcerada,
Na dor doída que se acolhe...
Que a mensagem mais poderosa,
É do amor mudo que não se encolhe...
É do afeto que brota intenso,
Por quem nunca se escolhe...