LUZES NOTURNAS
Andam pela tarde o calor do sol e o frescor da chuva,
que ainda dizem, à moda de troça,
que casa-se, neste instante,
uma viúva...
A tarde, cansada de servir ao dia,
cobre as janelas com cortinas de tez escura,
uma ou outra estrela que foge pelo campo imenso
um risco traça e alguém um pedido lhe faz,
que apague dores antigas e lhe devolva o tempo
que amou quem não lhe amava, não pouco, mas por demais...
A noite, bela e com olhos que iluminam todo o escuro,
estende seu manto e cobre a cidade como um giz de carvão
escreve poesias de corações partidos em todos os muros,
onde amores se falam e aos poucos se estendem as mãos...
Quando já não mais canta a voz e cessa a canção,
todas as casas partem para a terra do sonho,
uma ou outra claridade, um vaga-lume na contramão,
e eu, recostado, nos braços de Morfeu me ponho...