NADA

Se Deus nos quisesse sérios

Não nos ensinaria a dar risada.

Fica tudo a seu critério:

Cara fechada ou gargalhada.

Ninguém decifra esse mistério,

Que a vida é coisa emprestada.

Um ser nefasto ou anjo aéreo,

Rosto na brisa ou vida plugada.

Viva-se na suíte ou no térreo,

A’lma pode ser sempre ensolarada.

A lida pode ser um chefe férreo,

Mas não desculpa cara amarrada.

Mas quem acha que nasceu minério

Será no fim dessa jornada, nada.*

*Gregório de Matos.