EM TEMPO "MARCATO"
Antes que a luminosidade se vá,
Não tenha tanta pressa de ir.
Depois que o sol nascer,
apenas os hemirelógios
badalarão o evento luminoso.
Todavia,
jamais soarão a alguém
Que n’ algum lugar da Terra já será noite.
Antes que a luz se vá das faces
e dos corpos atormentados por só passar
um hemiuniverso já marcará seus timbres insensíveis
em alusão às noites vindouras...
as que só momentaneamente se foram dali
para reanoitecerem o engano do mesmo sol
Também descuidado do tempo.
Ninguém versejaria:
Pobre alvorada que ainda acredita
Ser imune às escuridões!
Quem ousaria ser tanta noite?
Antes que o sol se esfrie,
Nunca tenha tanta pressa...
Os timbres do tempo já soam
infinitos apressados!
a nos iludir essa percepção doída
algo torporosa
de se ser tão rápido e nada pleno pelo nada.
Em breve, todo amanhã já terá sido ontem,
sem deixar rastros.
Então,
Jamais se procure pelo tempo, será inútil.
A ordem é passar.
Não tenha tanta pressa...portanto
de ser gente em timbre passado.
Se ininterruptamente
Já há um relógio invisível
a nos soar autodespedidas!
Passamos todos
Timbres em alto marcato,
Versos badalados sempre iludidos
pelas partidas partituras de si mesmo!
E tão logo,
Sei que mais um sol nascerá ali
vindo lá de alguma noite
a nos nos iluminar com clareza:
De que sempre nos é chegada
A derradeira hora oportuna de soar vida,
Ainda que seja em último timbre
dum eterno segundo.