PRIMEIRA NUDEZ

O quarto escureceu,

quando tua nudez bloqueou

a luz do corredor.

Não a percebi nua,

minha boca nem engolia estrelas

e tu não parecias uma Deusa das águas.

Quem não diria que,

acesa tua nudez,

ela não fosse somente pernas

compridas como o corredor do conjugado.

E eu deitado, imaginava,

pernas de flamingo cor-de-rosa,

jamais pisariam em meus olhos de vidro,

não soltariam minhas íris

em um sonho de amor.

E enquanto chegavas,

eu, que notara o pé direito baixo

do teu dormitório,

fui reparando somente em ti.

Você subiu em nossa cama,

ficou em pé

e o seu pé direito

acariciou-me o peito.

Tua nudez completou-se para além das cores.

Naquela hora,

senti todos os amores

e vi que sobre mim surgia:

a Virgem dos Cisnes,

e o Pássaro da Aurora.

DO LIVRO:"BORBOLETAS NOTURNAS NÃO EXISTEM"

Paulo Fontenelle de Araujo
Enviado por Paulo Fontenelle de Araujo em 04/05/2016
Reeditado em 02/09/2018
Código do texto: T5624613
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