Mãos quebradas
Eu vejo um tempo que se fora longe
Vejo uma vida de quimera vã
Sonhos diversos que não sei por onde
Corri atrás no meu louco afã
Eu vejo um livro de historias várias
Que rabisquei por tempos perdidos
Rasgar as páginas já não mais posso
Desejo nosso de mudar os idos
Vejo meu sangue nas letras marcadas
Pelas madrugadas poetando em vão
Vejo dezenas de folhas rasgadas,
Mãos quebradas sem qualquer razão
Me traz a vida neste livro tolo
Irrisório consolo, riso tão fugaz
Que desaparece com pungente dolo
Na lembrança mórbida ao olhar pra trás
Com desesperança ao fitar ao lado
Da vida um bocado de alegria quero
Amor inocente, paixão tão fagueira
Nunca passageira...é o que tanto espero
Mas ao que parece, ao poeta infame
Não há quem o ame, isso é covardia
A vida lhe deflagra um fatal ditame
Sofra por amor, mas me dê poesia!