CHUVA PRECÁRIA

Tudo acontece por acaso,

até postar esta lembrança não coincide,

Construir a imagem: sabão.

E escorregar para outra: grama.

Tudo combina por deslizes,

Este tudo é muito, muito expansivo:

concebe acidentes,

considera as ironias de um velho,

sarcasmos na morte

e unhas mal pintadas nos enterros.

Tudo cresce por escorregadelas.

As estrelas da constelação de Escorpião

surgiram ali por um simples imprevisto.

E imprevisto não seria

se somente tais estrelas possuíssem

a vontade do rabo de um lacrau: venenos.

Mas há tantos venenos no universo,

até a lei da gravidade é peçonhenta.

Tudo se desordena:

um poema,

a fórmula matemática futura

é igual a uma coceira.

O repentino criou

o chute “folha seca”

um incidente tão puro,

fez a bola girar sobre si

e mudar sua rota antes da trave.

Tudo acontece por acaso.

uma pergunta é ocasional

para uma mulher: a mulher de Ló.

“A delicadeza não estava na presença

dos seus olhos de sal?”

Do livro: ADVERSOS E OUTROS MOMENTOS

phcfontenelle@gmail.com

Paulo Fontenelle de Araujo
Enviado por Paulo Fontenelle de Araujo em 28/04/2016
Reeditado em 09/05/2021
Código do texto: T5618649
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