O bosque

O BOSQUE

Meus olhos deliram, flutuam na aljava do bosque...

Eu vou só a buscar margaridas

selvagens e esquecidas.

O tempo me esqueceu nessa hora de murmúrios...

Eu vou só. O tempo não conta. As asas da vida voam sobre mim.

Uma Águia pousa sobre as ramadas. Plumas alvíssimas...

As árvores são como flechas fincadas pelo Arcanjo num tempo de paz.

O solo úmido e humilde recebeu as sements e as guardou e cultivou

no precioso óleo da terra.

Despertaram com o milagre da vida e se

metamorfosearam em meninas e depois moças e depois mulheres

e subiram frondosas procurando as nuvens

no claro serenado das manhãs.

Eu vou só a buscar margaridas

selvagens e perdidas dentro de um bosque azul.

O anjo me acompanha.

O chão de folhas mortas deita sua servidão a favor da vida

e olhares vigilantes espreitam

entre todas as folhas e flores e frutos.

A vida rescende! O verdor transpira!

Os murmúrios crescem... em cores e tons.

As asas da vida voam sobre mim...

E eu me transporto

aos infinitos

mundos que existem ali no seio do bosque.

Sou parte de tudo.

Sou folha sou brisa sou perfume

Transcendo-me nas essências das margaridas

esquecidas.

Sou bosque também.

Não voltarei mais....

SGV - 2014