VINGANÇA
Escrevo em letras vermelhas
Nas linhas azuis do papel.
Derramo o sangue do passado
Sobre o verde e o amarelo.
Para mim, não há mais nada
Que eu considere belo,
Desenhei, com nanquim preto,
Uma mancha na paisagem.
Desejo deixar a marca
Do meu rosto, na passagem,
Ser um ícone da história
Sangue derramado em glória!
-Eu não consigo esquecer,
Não consigo perdoar
O que me fizeram morrer,
O que me fizeram matar!
As bandeiras que eu levei
Sobre os ombros, já queimadas,
O poder que eu ansiei
Finalmente conquistado,
Foi o meu maior legado,
Meu pedaço de esperança
A arena, onde tracei
O meu plano de vingança!
Tirarei deste país
Tudo o que me foi tirado,
E dividirei o povo
Entre presente e passado!
Minha cor é o vermelho,
O meu símbolo, uma foice.
Meu desejo de poder
Cheira à morte e iniquidade!
A maldade, eu pagarei
Com o sumo da maldade,
Para todos mentirei
Que tenho boa vontade...
Direi: “Nunca na história
Deste país desgraçado
Houve ou haverá tal circo
Com palhaços mascarados!”
E o que sobrar depois,
Será dado por legado
Em partes bem dividas
De um país naufragado!