Corre-corre

Corre para o emprego, para o trabalho

Com sonhos lúcidos

Alienadamente acreditando

No Futuro risonho

Esgota-se, cansa-se

Sai correndo para o transporte

Que o transportará à padaria

De onde leva o pão cada vez menos

Cada vez mais doloroso

Corre para o lar faz um jantar corrido

De sopa, ovos batidos em óleo

Retrasado em mistura de peles

De bacalhau seco e duro

Corre para arrumar a desarrumação

Saltando barreira em sapatos e roupas desalinhadas

Corre para ver banais estórias vazias

Com personagens azedias

Corre para o leito onde faz amor

Depressa que amanhã há que correr

Cedo para o emprego

O fim de semana há-de chegar

A correr há-de

Querer sonhar

No tempo de viver

Não sonha em lutar

Por ter tempo de sonhar

Em ter tempo

De não correr

Corre!

Não discorre!

______________

MORRE!

Delfim Peixoto
Enviado por Delfim Peixoto em 16/03/2016
Código do texto: T5575651
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2016. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.