Fortaleza

minha austera infância

se encarregou de amadurecer

precocemente minhas manhas

agilizou reflexos

expandiu a visão periférica

calejou a pele frágil dos meus dedos

o amargo do café

substituiu cedo

o troco doce das balas

o olhar maldoso dos homens

sobre uma flor nem sequer desabrochada

denunciou as intenções baixas

por trás das sorridentes máscaras

minha casa foi se construindo a muros altos

heras vivas de robustos caules

espinhos grossos zelavam minha sensibilidade

o brilho no olho se pôs fugaz, ágil intimidador

dos toscos invasores da minha cidade

minha fortaleza dispensa armas

faz-se somente da cavalaria verde bem enraizada

com suas lanças envenenadas de seiva mágica

fertilizante da fé no instinto e intuição selvagem

cultivadas na rigidez dos solos áridos

e regadas nas águas puras de minha emotividade

Jady Tariane
Enviado por Jady Tariane em 07/03/2016
Reeditado em 24/03/2020
Código do texto: T5566168
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2016. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.