05 do 12 de 1992
Entre tantos outros, foi-me escolhido logo este. De 365 dos dias que conseguimos contar. Se o resultado é certo não me ponho a pensar. Confirmo só o que vi, e vi mesmo, quando os olhos abri. Ver o dia, este dia, nada especial. E não ganha pro Natal.
Sorte daqueles que nasceram, uns nem ganham. Dias são pra poucos, e todos que aqui estão são sucessivamente presenteados por um bem amado, que decide a cada balanço noturno quem irá presenciar o nascer solar que estar por vir.
Ninguém mensura, quiçá valoriza, o suor de cada composto de hora que enfeitam o dia.
Os pequeninos o adoram, os adultos lamentam a cada levantar, os da capital trepidam, mas os do interior despertam ao madrugar.
Cada vinda presume a ida e o o Sol não vem a se preocupar. Sabe ele que o Pai o fez assim, subir ao amanhecer pra no entardecer se deitar. A noite não é o seu fim. Dessarte, seu temor. O dia sabe que ele vem, e a noite também. Que assim foi e seja toda sorte de engrenagem que Deus deseja, faz movimentar o peso da Terra.
E graças a ela vejo o Sol de mim se despedir. O seu bailar... tão independente ela dança consigo mesma, num flerte com o Sol peleja por ele ter que passar. Volta longa que me supõe uma ideia de que estou vivo.
A cada manhã me curto. No espelho algo a mais marca minha face.
E comprovo a mim que sem o dia nada seria. Eterna alegria de viver sem pensar. Eu? Gosto do dia. Ele me traz os problemas que evito, sem hesitar. Sou um sortudo, os dias me vivem. Contudo, desde o dia que eu ganhei um dia!
02/12/2014