FOME E SEDE

Quando eu parto pro abraço

Meu braço muitas vezes

Não alcança o outro braço

Incompleto fica o abraço

Assim meio sem jeito

Dá só um aperto de mão

Teme ser enforcado

O braço que abraça

É o mesmo que aborta

A mão que afaga a mão

É a mesma que dispara

Um tiro no coração

Então ficamos assim

Distantes, com medo

Do braço, do abraço

Da mão,

Que acariciou

Que esbofeteou

Que disparou

Do braço,

Que sustentou

Que alimentou

Que abandonou

Precisamos ensaiar

Os braços, no abraço

As mãos, nas mãos

Os toques sem medo

Sem pré conceitos

Para então saciar

A fome de amar

A sede de acarinhar.