Sob a pele tatuado
Dos meus erros mais extremos
Aos insultos que sofri,
Já não me culpo ou lamento,
Pois apanhei e bati.
Eu fui como o fruto verde,
Eu fui como a águia nova,
E assim quero sempre ser,
Mas águia que se renova.
Fui tão cego certas vezes,
E algumas vezes insano,
Fui mocinho e fui bandido,
Eu fui simplesmente humano.
Eu fui fogueira e fui rio,
Fui anjo e fora-da-lei,
Também fui tédio, apatia,
Ri muito e muito chorei.
E tudo foi necessário,
Pois não é reta esta vida...
É navegar num corsário,
É Odisseia e Ilíada.
É qual inferno de Dante,
É o beijo de Beatriz,
Também o beijo de Judas,
E o dia da flor de lis.
E sei que sou meu caminho,
Sob a pele tatuado...
Romance escrito por tantos,
E nem sempre açucarado.
E fui o que eu poderia,
E fui o que acreditava,
Fui somente o que eu sabia,
Fui só o que eu alcançava.
Eu fui e sou e seria,
Não rejeito nada meu.
E aqui, ferido ou ditoso,
Importa-me só que fui eu.