FAROL NO TEMPO
Alí, a avó mergulhou em profundo pensamento.
Antes, olhara o neto aninhado na rede a dormir,
Enquanto o passado também dormira no tempo.
Restaram-lhes muitos condicionamentos inúteis,
Algumas sabedorias louváveis, boas, pertinentes.
Faltavam-lhe no entanto, uma energia criadora
Para fazer valer e multiplicar, o que aprendera.
A humanidade parecia ter errado na condução
Do princípio de sua história, no começo de tudo;
Pois uma série de coisas, se via estar pelo avesso.
Mas, as belezas que se mantinham vivas na vida
Ah! Essas certamente a mantinham com alegria:
Como o sorriso das crianças e das almas puras,
Como o desabrochar das flores na primavera,
Como o nascer e por do sol, a beleza do luar,
O canto dos pássaros, a leveza das borboletas
E uma infinidade de coisas belas para recordar
Mas não ficaria indiferente à maldade humana
Que criava e espalhava a dor, por todo lugar.
Respirou fundo, arrumou o lenço no cabelo,
Foi até o fogão, colocou água para esquentar
Fazer um bom café e tomar quente, bem forte,
Era uma das coisas que mais adorava fazer
Depois, deitar juntinho ao neto e adormecer.