Nós

Nós

Evoluímos à luz do que parece absurdo

aos olhos tétricos do humano;

e surdos, equacionamos

o amor pelo amor que temos,

à dor com a qual nos doamos.

Somos as vontades que somos

no real que não distorcemos;

poesias que em nós compomos,

prato predileto um do outro...

Somos os fios dessa malha

que, irresponsáveis, tecemos.

Nos cios somos o que valemos,

moedas de mesma igualha...

Das falhas somos a excelência,

sem resistências e sem troco;

tiramos o muito do pouco,

razões, das incoerências...

Num mundo em que o medo encalha

nós somos rios em afluência

nas crenças, o profano fogo

que flagra mas não se espalha.