Amaldiçoado
“Não se assuste, filho meu
Deixe-me te dizer
O porquê de tudo ser tão diferente pra você
Se comparado aos outros.
O porquê de tudo não ser igual pra você
Se comparado aos outros.
Deixe-me te dizer,
Pois ver o teu sofrimento
Me faz sofrer.”
Dizia a voz vinda do céu.
Que ecoou pelos quatros cantos de seu quarto.
“És tu amaldiçoado
Desde quando nascestes.
O teu sorriso era,
E ainda é,
O mais lindo que já vi
Mas o teu coração, meu filho
É impuro.
Um lugar onde a minha luz não chega.
Por isso eu,
Aquele que chamam de Deus,
Te reneguei
E fiz de ti portador do caos.
És amaldiçoado, meu filho
A sombra que caminha contigo
Não é a do teu ser
Mas sim a do diabo que se identifica com você.
A tua presença é desagradável
Fazendo todas as verdades serem duvidosas
E todas as mentiras serem ouvidas.
A tua presença é desagradável
Fazendo com que qualquer afeto existente
Se transforme em completo desgosto
Por ter sentido por alguém
Algo como o amor.
Oh filho...
A tua presença será a causa de poucas vitórias,
Mas de muitas
Muitas derrotas.
Porque tu és amaldiçoado, meu filho
Os teus ouvidos foram feitos
Para ouvir até o que não é dito.
Os teus lábios foram feitos
Para nada dizer.
Os teus olhos foram feitos
Para muitas desgraças enxergar.
As tuas mãos foram feitas
Para em nenhum corpo tocar.
O teu coração não foi feito para ser amado
Meu filho...
Você invejara todos aqueles que seu caminho atravessar
Você irá querer ser como todo mundo
Mas ninguém no mundo
Irá ser como você.
Pois és amaldiçoado
Pois eu,
Aquele que chamam de Deus,
Te reneguei.”
E o pobre garoto em completo silencio permaneceu,
Sem reação alguma,
Pois ele não sabia qual reação ter
Se deveria ele sorrir
Por finalmente saber a verdade
Ou se deveria ele chorar
Por saber que aquilo era a verdade.