Amanhã

Corações quebrados,

lágrimas solitárias,

prateleiras vazias,

sorrisos perdidos,

almas congeladas,

caminhando em câmera lenta,

esperando o trem do meio-dia,

mas amanhã será um novo dia,

amanhã sairemos daqui para outro lugar,

fugir para dar a volta ao mundo,

dançar em noites de chuva torrencial,

vestindo terno e gravata à meia lua,

ouvindo as harpas de alguns anjos,

um longo delírio de quem não quer tratamento,

sem remédios para cessar o que me faz abrir os braços,

expondo minhas asas de Ícaro para essa jornada ao sol,

sem análises psicológicas para o que me dá vida,

gritando bem alto para assustar a depressão de outrora,

sem culpas ou repreensões para o que de melhor eu sou,

esse ser que transita entre a liberdade e o cárcere de si mesmo,

fugindo para dar a volta ao mundo,

Paris, Amsterdã, Berlim, Madrid, Congo, Pequim, Tokyo, Cabul,

preciso sentir a vertigem das viagens em minha mente,

quero percorrer o mapa incrustrado em minhas veias,

encontrar o desconhecido em cada esquina,

deixar para trás, no esquecimento, todo o sofrimento,

contando as batidas do Big Ben em Londres,

pois amanhã seremos personagens de vídeo game,

somando pontos e mais vidas para continuar no jogo,

prontos para finalmente amar novamente...