Sementes e Frutos

Qual delírio é ser?
Pois que antes se é perdido
Do que almejado encontro.
Qual verdade que há
Se a vida teme morrer, e a morte teme viver?
Neste limiar, um fio de navalha, uma estrada estreita,
Um caminho que parece zombar dos passos.
Passos que querem ser caminho,
mas que são apenas passos.
Existir estará sempre num além de si,
Num ponto distante; em utopia mescla-se ao imaginário.
Necessidade de consolação, necessidade de paz...
Fragmentos de consciência, fragmentos de ser.
Pedaços de um todo que parece inviável,
Mas que teima em existir, que não quer ser feliz,
Mas quer tanto a felicidade.
Que nada quer, para depois arrojar-se em desejos.
Tribunal do silêncio, melhor do que os pecados, a prece.
Melhor do que as culpas, livrar-se de si pelo perdão.
Dar liberdade de esvaziar o amar e o odiar.
Além dos sentimentos, além dos sentidos.
Qual paz é essa que quer existir viva
E não mórbida? Que quer acalentar,
Sem ter o peso de possuir?
Pois que o afeto verdadeiro tem asas.
Não tem pouso, pois está no Todo.
Não é virtude, pois não sabe pecar.
É apenas afeto, ingênuo sentir
Que quer calar-se, mas dizer tanto
Que quer ouvir e encantar-se com sons.
Música ao longe, notas e letras.
Em algum lugar que já não depende do tempo.
Desafia de sua prisão a liberdade que bate à face,
Do rosto que oculta-se na moldura das feições
Para depois tornar-se sóbria razão,
Oculto e pacifico sentimento.
Gilberto Brandão Marcon
Enviado por Gilberto Brandão Marcon em 21/07/2014
Reeditado em 19/10/2019
Código do texto: T4890277
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2014. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.