Significados
 


Cansei de perder significados,
Sentir que partes de mim vertem-se em cacos,
Perceber que somos construídos até parte da vida,
Para depois nos desconstruirmos fingindo felicidade.
A realidade é formada pela total falta de graça,
Somente a ilusão e a fantasia vezes vertidas de ideal,
Nos fazem ir além da mediocridade real de nós mesmos.
Precisamos das urgentes memórias dos dias felizes,
Necessitamos das inquietantes saudades,
No exercitar do nosso querer, do nosso desejar,
Pois isto expande o ser num além de si,
O pior dos delírios é a razão absoluta cheia de aridez.
Ela tudo desconstrói, tudo desencanta,
Não seremos então apenas maduros e sábios,
Mas velhos demais para encontrarmos graça em sabermos algo.
Talvez a tolice tenha alguma sabedoria em sua ignorância,
O não saber ainda puro, ainda cheio da ingenuidade.
Nada tenho para propor, nada quero, apenas abstraio,
Apenas voo, na busca do prazer de voar,
Pouco importa o tanto entender,
Entender parece exaurir, parece cansar.
E sei que anseio a verdade, 
E sei que não quero a mentira.
E sei que tudo é meramente relativo,
E isto tem algo de estranhamente absoluto.
De uma sentença assinada pela força do destino.
E então creio no destino? O que é o destino!
Nem a superficialidade dos sofistas,
Nem a profundidade dos socráticos,
Apenas um náufrago de conceitos perdidos,
De teorias que vencem ante a realidade.
Que somos nós?
Talvez efemeridade a enfrentar o eterno.
Então haverá grandeza nos anjos caídos,
Haverá necessária utopia em querer ascender ao céu.
Em que lugar está o pecado do pecador?
Onde estará à virtude do santificado?
O céu pode sempre esperar,
O homem não, o tempo não espera!
 
20/04/2013

 
Gilberto Brandão Marcon
Enviado por Gilberto Brandão Marcon em 03/11/2013
Reeditado em 14/01/2020
Código do texto: T4555263
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